Ao fim desses oito anos, já foi o contrário. Já estava, se calhar, melhor adaptado àquele sistema de vida urbana do que propriamente à aldeia. Vinha de férias mas já não estava bem integrado. Acabei por regressar ao Piódão porque, na altura, o meu pai decidiu abrir esta casinha como restaurante. Funcionava como mercearia-taberna, fizemos umas adaptações, preparámos tudo minimamente. Como não havia mais nada, as pessoas faziam muita pressão. Gostavam de vir ao Piódão mas não tinham onde sequer comer uma sandes. E como eu trabalhava em Lisboa, estava lá há já oito anos na indústria hoteleira e já tinha uns conhecimentos básicos, o meu pai disse que tínhamos aqui esta casa, que era pequenina, era o que era, mas que para fazer uma experiência talvez desse. Para ver o que é que isto dava. Mas ele só faria esse investimento e tomaria essa atitude se realmente eu estivesse na disponibilidade de regressar. De vir para o Piódão, dar a minha colaboração e dar o meu contributo com os conhecimentos que já tinha. E eu decidi vir, na altura, estava disponível, estava solteiro, não tinha compromisso de maior. E vim, e essa experiência já foi em 1988. Há 20 anos que eu regressei.