A porta sempre foi azul. A loja só tinha mesmo aquela tinta. Só havia aqui uma loja que tinha tinta e só vendia azul, porque não podia vender várias cores. Aquela, pelo menos, era sempre vendida, porque era uma cor que as pessoas gostavam. Não havia grande escolha. As pessoas tinham de optar mesmo por aquela. Naquela altura, o homem não tinha grandes recursos e as pessoas até já sabiam o preço daquela. Mantinha sempre o mesmo preço e tudo. Se fosse outra:
- “Esta é mais cara.”
- “Então, já não quero...”
Podia-se dar o caso. Aquela cor, pelo menos, estava garantida e sempre certa. Claro, havia um azul mais escuro, outro azul mais claro, mas eram sempre o azul.