O Domingo de Ramos era muito bonito! Todos nós levávamos um ramo de loureiro, que depois era enfeitado com umas rosas, umas ervas, etc. Havia sempre uma grande preocupação. Nós começávamos logo dois dias antes a preparar. Fazíamos ramos lindíssimos. Íamos à procura de umas plantas que haviam na serra, muito bonitas, para ser diferente. Íamos o mais longe possível. Corríamos tudo, a serra toda, se fosse preciso. Aqui perto do que nós chamamos a Piranga, há um sítio muito difícil de ir lá, que se chama os Quelhões. Nós íamos lá buscar umas plantas amarelinhas muito bonitas, que eram as cantarinhas. Saltavam logo à vista, por serem diferentes. Então nós íamos lá buscar aquilo, porque toda a gente fazia questão em levar o ramo mais bonito possível. De forma que havia sempre um grande interesse. E o padre Manuel Fernandes adorava ver a gente com aquela azáfama à procura do ramo. Depois dizia:
- “Sim, senhora! Tens o ramo muito bonito!”
Mas dizia praticamente a toda a gente, para que todos ficassem contentes. Sabe-se perfeitamente que havia sempre um ou outro melhor. Mas recordo-me bem, porque ele era uma pessoa muito dotada que sabia perfeitamente lidar com as pessoas. Dizia:
- “Sim, senhora! Isto é muito bonito!”
A cada pessoa que passava. A gente fazia questão:
- Ó, senhor prior! Está a ver este?
- “Sim, senhora! Muito bonito, muito bonito!”