Conheci o meu marido, porque ele era empregado lá numa fábrica ao lado da casa da minha madrinha onde a gente estava. O meu marido era de Leiria. A casa da minha madrinha era uma casa de comidas e uma casa de flores. Tinha os jogos da laranjinha e a gente punha-se ali. São uns jogos que jogavam. Tinha uma bolinha pequenina e depois jogavam a bola, batia numas coisinhas e lá metiam no sítio. Era o jogo deles. Era com o que eles mais se entretinham. A minha madrinha era de uma qualidade que se não houvesse um para jogar com o outro, jogava ela.
Antigamente os namorados não era como agora. Nem de braço dado, nem um beijo. Mesmo que eu namorasse e que os meus pais soubessem, a gente ia ao lado um do outro. E mais nada. Antigamente não era como agora. Oh, oh. Foi um namoro como todos os outros. Ele andava a trabalhar e eu também estava a trabalhar. Eu até tinha medo do casamento. Tinha medo de casar. Não estava habituada. Algumas andam hoje com um e amanhã aí com outro. Eu nunca tinha tido ninguém, mas nunca me arrependi porque ele era muito boa pessoa. Nunca tive razão de queixa.