O nome do meu pai era José Lopes dos Santos. Ele era do Piódão. Era trabalhador no campo. A minha mãe chamava-se Clementina dos Anjos. Era do Piódão, também. Semeavam milho, batatas, feijão, cebolo, tomate, alface e estas novidades da época. Semeava-se em terrenos do meu pai e da minha mãe. Alguns eram perto de casa, mas outros ainda eram bastante longe. Íamos a pé. Tínhamos os caminhos, muito estreitinhos. Tratávamos da agricultura, dos animais. Era assim.
Os nossos pais, coitados, viviam com muita dificuldade. Eu digo sinceramente. Viviam mal, porque queriam tudo o que fosse melhor para os filhos. Eu digo que a minha mãe, que Deus tem, não passaria muito bem por causa de nos criar. Eram quatro irmãos que eu tinha. Agora são só três, já faleceu o mais novo. Tenho uma irmã e dois rapazes. Naquele tempo, dávamo-nos bem. Só o meu irmão mais velho é que gostava mais da minha irmã que de mim. Depois, andávamos sempre à zaragata um com o outro, mas ele era mais velho e eu tinha que me calar. Às vezes, a minha mãe chegava:
- “Bastou eu ir para a rua, para vocês começarem logo a andar à porrada um ao outro!”
Mas mesmo agora, esse irmão ainda é vivo e a gente dá-se muito bem.