No Natal íamos beijar o menino Jesus à igreja. Festas, não se faziam porque não havia com quê. Era igual a um dia qualquer, na questão de comida. Não se comia nada de especial.
Nas Janeiras, também era muito giro. Íamos pedir as Janeiras de porta por porta. Uns davam-nos castanhas, outros davam-nos isto, davam aquilo. Batia-se à porta e dizíamos as Janeiras. Naquele tempo não cantávamos nada. As pessoas que queriam dar, vinham à porta, as que não queriam, diziam:
- “Olha, agora não tenho cá nada...”
Nós ficávamos conformadas. Íamos embora.
Uma vez, um senhor - acho que não regulava bem - deu um copo de aguardente a mim e mais uma amiga minha. Éramos pequenitas. Quando viemos, caímos para cima das escadas. Já não nos tínhamos. Acho que na minha vida nunca apanhei uma coisa daquelas. Era um copo de vinho grande! Pôs-nos a aguardente toda.