Aquilo era uma alegria. Juntavam-se rapazes, rapazitos - ainda eram novos - e raparigas e íamos perto da serra. Ainda uma vez me lembra. Deixáramos um molho feito e fomos à Piranga a pé. A Piranga é um largo, um marco, que está na serra. Dos meus irmãos, uns iam, outros não iam, claro. Mas ia gente, colegas meus. Andávamos, brincávamos, cantávamos e aquilo era uma alegria. As brincadeiras eram assim. Lembro-me que o terreno era elevado e havia giesteiras fortes. Nós cortávamo-las e púnhamo-nos de cima das giestas. Depois, outra puxava até ao fundo. Outras vezes, como aquilo era tão elevado e tinha aquela erva seca, nós próprias é que andávamos por aquela “barranceira” a baixo. Era assim. Tinha muito poucos brinquedos, porque não havia dinheiro. Nós fazíamos bonecas de farrapos. Eu, por acaso, também comecei a fazer vestidinhos para as bonecas. Ajeitava-me muito bem à costura. A minha mãe também se ajeitava e eu aprendi com ela. Ia vendo conforme ela fazia, conforme ela cortava. Depois, fazia as minhas roupas e sem ser minhas. Na minha mocidade, fazia roupas para as pessoas da aldeia, que me mandavam fazer blusas, saias, aventais...