Quando tinha os meus 15 anos, quase 16, fui para o Alentejo. Fui lá fazer 16 anos. Era muito novinha. Andávamos de sol a sol, nove meses sem vir a casa. Quando voltávamos ao Piódão, estávamos três meses. No fim de estarmos três meses, voltávamos. Mais nove. Era isso. Eu sentia-me muito feliz. Dançávamos, cantávamos... Era uma alegria, apesar de ser uma vida muito dura. A gente gostava muito de lá estar, porque podíamos dançar. No Piódão é que não, por causa dos padres. Quando voltávamos ao Piódão, já vínhamos com outras ideias. Formávamos bailes. O padre ia lá ter connosco a ralhar. Não gostava disso, nem gostava que usássemos mangas curtas. Dizia que andávamos a dar maus exemplos, que era pecado, mas eu continuava a usar.
Mais tarde, vieram padres mais modernos. Já não era aquela vida. Levavam as coisas mais na brincadeira.