Não sei porque é que o Piódão se chama assim. Eu conheci sempre Piódão. Também se chama “Aldeia Presépio”, porque à noite parece um presépio. Realmente, com aquelas luzinhas todas é um modelo, do feitio de um presépio.
Cantavam-se era canções ao Piódão, ao São Pedro... Canções que a gente sabia. Ao Piódão eram várias. Muitas quadrazinhas, que a gente sabia. Eu sei muitas. Sei várias. Gostava muito de cantar:
“Adeus, terra do Piódão.
Mal de ti nunca o direi.
Adeus, terra do Piódão.
Mal de ti nunca o direi”
“Ou no cimo ou no fundo
Ou no meio ficarei.
Ou no cimo ou no fundo
Ou no meio ficarei”
“Adeus, terra do Piódão.
Rodeada de urtigas.
Adeus, terra do Piódão.
Rodeada de urtigas.”
“Não sei como tens criado
Mocidade tão bonita”
Aconselho toda a gente a visitar o Piódão. Quando me perguntam:
- “De onde é que é a senhora?”
- Sou do Piódão.
- “Ai, nunca lá fui mas tenho ouvido falar nisso.”
- Ai, a senhora vá que é muito lindo.
Aconselho sempre a virem. Para mim, como estou tão habituada, já não acho grande graça. Gosto do Piódão, claro. As pessoas acham muito bonito por causa das casas estarem muito juntas e por causa das ruas serem às escadinhas. Acham graça. Há muitas terras bonitas, que também são em xisto, mas são em terrenos mais planos. Aqui é mais elevado e as pessoas gostam muito de ver.
Os turistas, é sempre bom eles virem. Senão isto já tinha também acabado. Há muito poucas pessoas. O que dá força ao Piódão é os turistas. Vêm cá todo o ano, mais no Verão. No Inverno é mais aos fins-de-semana. Há dias que não aparece um turista. Mas há outros dias que vêm.
No museu no Piódão há muita coisa bonita. Tem muitas coisas que se usavam antigamente. Tem lá tanta coisa que eu nem sei. Sacholas, as caminhas, ainda de bancos, com os cobertores, porque não havia lençóis. Aquelas coisitas todas. Só indo lá.