Para regar, na altura, a água ia dos barrocos por umas levadas estreitinhas. Depois, cada pessoa tinha aquelas horas. Não podíamos regar quando queríamos. A gente tinha que regar no nosso tempo. Chegava-se o fim do nosso tempo, tapava a água e era para outra pessoa. Nalguns lados, era 17 dias que demorava. Noutros lados, era de oito. O mínimo era de seis. Nós tínhamos terras em vários lados. Era conforme.
Regávamos de noite. Como não havia luzes, nós levávamos uma lanterna. Tinha que ir duas pessoas. Uma andava a alumiar ao pé do rego da água e a outra andava com uma sachola a fazer os regos para a água correr. Nessa altura, nós andávamos sempre a cantar lá no meio dos milhos e aquilo era um “cantorio”. Era tudo muito bonito. Era uma vida agitada, mas era bonito. A gente gostava.