Custou-me um bocadinho a adaptação. Na altura, fui para um quarto. Tive sorte, porque calhei com uma pessoa muito boa, a senhora dona da casa. Gostava muito de mim. Eu considerava-a praticamente a minha segunda mãe, porque ela ajudou-me muito e eu também a ajudava no que podia. Já era uma senhora de idade.
Ela tinha vários quartos alugados. Não era só eu, mas dei-me sempre bem com todos. A casa de banho e a cozinha para todos. Naquele tempo, tínhamos umas maquinazinhas a petróleo. Na lareira tínhamo-las todas em carreira. Muito giro. Fazíamos o comerzinho e trazíamos para os nossos quartos. Tínhamos uma mesinha lá. Comíamos e íamos lavar a loiça à cozinha.
Depois, tive casa em vários lados. Tive no Laranjeiro. Também era pequenina. Com os nossos filhos, já não havia possibilidades de lá ter tanta gente. Então, comprámos um terreno e fomos fazer uma casa. Um vivia por cima, outro no andar de baixo e tínhamos as garagens divididas. Aí, já estávamos muito bem. Foi o meu marido que a mandou construir, perto de quando eu para lá fui. Ainda aqui há dias fui matar saudades dessa casa. É muito bonita ainda, mas já não é minha. Vendi-a e vim comprar em Coimbra.