O meu pai era José Albano. A minha mãe Maria dos Anjos Rocha.
O meu pai andava pelos pinhais, coitadinho. Para ganhar pão para os filhos. A serrar com uma serra. Aquele serviço duro. Não havia fábricas, não havia nada. Era à mão. Punha um pinheiro estendido, punham duas estacas à frente, chamavam uma burra. Um ia para cima do rolo da madeira que haviam de serrar e o outro era debaixo. Essa madeira era para ser utilizada nas casas, no chão, não havia cimentos, não havia nada. No meu tempo não havia cimento, não havia azulejos, nada. Era com umas tabuínhas em cima daquele terreno e é que se armava ali uma casinha para se viver.
Éramos cinco irmãos. Eu era a do meio. Era pequenita quando nasceram os meus irmãos mais novos, não sei que idade tinha. De maneira que quando eu comecei a trabalhar foi a guardar dois meninos que a minha mãe tinha, até uma certa idade. Depois agarraram num pauzinho, puseram-me na mão, quando eles já estavam desemburradinhos para brincarem “pia fora”, deram-me um pau para eu guardar 18 cabeças de gado. Aí vou eu, coitadinha, descalcinha em cima daquelas silvas, daquilo tudo, andava ali aquela pecante com aquele rebanho de gado, pelo monte fora.