A escola era lá acima no Malhadinho. Vínhamos 3 quilómetros a pé, do Torno para o Piódão. Vínhamos descalços. Não era só eu. Passávamos aí em certos sítios que não dava sol no Inverno. Até se ouvia o gelo por baixo a descer. A gente, a passar por cima, era cada tombo. Eu tenho uma prima que é arqueóloga. Dá lições na Universidade em Coimbra e disse que desde que começaram a mandar foguetões lá para cima para a atmosfera, estragaram-na. Antigamente, aí no mês de Dezembro, para abrir a porta tinha de se andar aí com um sacho a cavar a neve, senão, não conseguia abrir. Para dentro abria, agora para fora, não. Lembro-me que de manhã a gente fazia aquilo em meia hora e à noite, já não tínhamos preocupações, fazíamos aquilo numa hora, hora e meia. Íamos a brincar aí pelos caminhos abaixo.
Antes de ir para a escola, ia buscar um molho de mato. Quando chegava da escola, ia buscar outro. Ajudava os meus pais. Depois, é que fazia os trabalhos à luz do candeeiro a petróleo. O meu pai não deixava ir a gente à cama sem fazer os trabalhos de casa e rezar o terço.