Os meus filhos nasceram todos em casa. Coitadinha de mim. A tal minha avó que me ensinou a doutrina amparava as filhas. Lavava-os e preparava-os. E eu, depois é que fui parteira de alguns três ou quatro, porque estava na aldeia uma rapariga nova e não queria ir para Coimbra, e depois:
- “Vou chamar a tia Filomena, vou chamar a tia Filomena.”
Bem mas chamaram o doutor pelo meio. E como chamaram o doutor, eu não queria ir, porque eu não era parteira nenhuma. Ninguém me dava nada, nem eu pedia. Depois o médico não vinha, foi chamado às seis da manhã, eram seis da noite e sem ele aparecer, e ela coitadinha reclamava:
- “Ó tia Filomena acuda-me, acuda-me!”
O menino vinha à superfície mas não tinha força verdadeira. Dei uma ferroadita no véu, com uma unha, uma coisinha de nada, ela deu outro “puxo”, veio logo o menino. Pois, se não fosse assim, não vinha. Não vinha sem vir um médico. Eu nunca tinha feito tal coisa, só tinha visto fazer a minha avó aos meus irmãos, muito fiz eu.