Lembro-me do padre Manuel. Nunca cá arranjou fortuna no Piódão. Fazia excursões para os garotos para irmos para a Figueira, para a Nazaré, para aqui, para ali. Quando me deixavam ir, ia. Quando havia alguns tostões em casa, porque nem sempre havia. O meu pai andava aí na floresta, a minha mãe não tinha ordenado, trabalhava no campo. Nem sempre havia dinheiro. Aparecia um bocado para comprar, compravam logo e depois tinham de puxar. A vida rural é assim. Agora está tudo ao abandono.
Vinha uma camioneta de Côja, da Ponte das Três Entradas ou de Arganil. A gente apanhava-a no largo e íamos, a rapaziada toda, os garotos todos “pia baixo”. Levavam umas merendas, depois juntavam tudo e comíamos todos. Uns levavam presuntos, outros queijos, outros uns bocados de carne fresca que é a chanfana. Era assim.