Os meus pais eram os dois de Pardieiros. O meu pai nasceu na Mata da Margaraça. Os meus pais estavam lá, na mata, de guarda. Agora não fica lá ninguém mas, noutro tempo, ficavam e faziam uma vida. Tinham uma casa que era dos patrões, mas eles estavam a reparar por aquilo. Tínhamos uma propriedade pegada mas, está claro, não dava bem o suficiente para a vida deles, para comer. Os patrões deram mais um bocado lá da mata para eles amanharem, para terem para comer. Depois a minha avó tinha uma casa em Pardieiros e então vieram para cá, mas iam para lá cultivar, amanhar as terras. Semeavam batatas, feijão, o que calhava para comer.