A Maria do Carmo já trabalhava ao pé de mim. Ela tratava bem o homem. Também me ajudava no meu trabalho, tanto ela como o homem. Depois, o homem morreu e ela continuou a ajudar-me na mesma. Conforme no tempo do homem eles me ajudavam a mim, eu também os ajudava. Andáramos assim uns dois anos. Ela a ajudar-me e eu a ajudá-la sem termos nada um com o outro. Eu tinha respeito com a mulher. Respeitava-a no tempo do marido, era a mesma coisa. E ela a mim. Mas começaram a ladrar, colegas e coisa:
- “Eles gostam de andar um ao pé do outro. Eles estão-se a ajeitar.”
Ela tinha um filho e tem. Estava lá para fora para Zamora. E depois ela estava sozinha. Estivemos juntos por 20 anos, lá em Lisboa. Que ela tinha casa e eu também.
Ela estava a trabalhar ao pé de mim na praça. Conforme eu trabalhava, ela trabalhava mais o marido para uns fulanos. Vinha a camioneta de fruta, acartavam para dentro da praça. É claro, que a gente estava a olhar por aquilo. Os patrões iam para casa e a gente ficava a arrumar e a olhar pelas coisas. Mas também era boa pessoa, e todos gostavam do trabalho dela, era muito séria. Ela fazia o serviço de umas quantas Cooperativas da Guarda. Trazia o dinheiro que faziam, a um fulano que estava a vender, dessa Cooperativa de Frutos da Guarda. Ia fazer o serviço e depois trazia o dinheiro para o Largo do Caldas.