Em Pardieiros, como quase toda a gente tinha muitos filhos, quase toda a gente matava dois porcos. Matava agora um, deixava o outro no curral para matar daqui a dois meses, por exemplo. Outros matavam juntos. Metiam tudo numa arca, com sal, e dali faziam enchidos. Havia aí uns homens que matavam os porcos, depois queimavam o cabelo, faziam-lhe a barba. Era tudo à traição. Foi dali que começaram a fazer às pessoas as operações. Começaram a aprender.
Então depois de matar o porco, aproveitavam as miudezas todas, migavam miudinho para fazer os enchidos, faziam aquilo e botavam no fumeiro, numas varas em cima da fogueira, para secar. A carne tiravam-lhe os presuntos, tiravam os outros bocados, cortavam, salgavam tudo e encamavam numa arca. Chamavam aquilo a tina da carne, com muito sal, dois sacos, por exemplo, ficava aquilo enterrado, ou quinze dias ou um mês, para apanhar o sal. E dali iam tirar, quando queriam um bocadinho, à medida das pessoas, para comerem. E não queriam que sobrasse. Não botavam um bocado ou dois de carne para sobrar.