Nesse tempo tínhamos muita castanha. Comíamos em cru, assadas e botávamos num caniço por cima da fogueira. Botava-se ali a castanha a secar. E depois pisava-se. Depois de estar seca, tínhamos uns cestos redondos, botava-se para uma cesta de castanhas, saltava-se lá para dentro com os sapatos e pisava-se, punham-se as castanhas brancas. Comia-se bem aquela castanha cozida e fazia um caldo. Um caldo daquela castanha era melhor do que café. Coziam-se aquelas mais pisadas que não tinham casca, porque aquela casca era amarga. Cozia-se numa panela, botava-se o sal, claro. Não há comida nenhuma que não goste de sal. Nem era preciso migar pão nem nada, a própria castanha era doce. Comia-se umas em cru, assadas e outras cozidas depois de estarem secas, pisadas. Comia-se o que aparecia.