Quando éramos pequenos, brincávamos todos. O meu irmão foi comprar uma harmónica a uma terra, para o lado de lá da serra. Puxava-lhe para aquilo! Não tinha dinheiro que chegasse e eu e os meus irmãos todos contribuíramos. Dávamos dinheiro para ele ir buscar a harmónica. Ele gostava daquilo. Depois ia para uma janela a tocar, a tocar. E a gente gostava de ver aquilo. Era como a minha mãe dizia:
- “Enquanto tenho os filhos todos dentro de casa é uma alegria.”
A gente dávamo-nos bem uns com os outros, e andávamos para um lado e para o outro. Depois quando a gente cresceu, éramos como o lobisomem, íamos de uma terra para outra. Sabíamos bem onde havia as coisas jeitosas. Passámos um tempo bom. A gente íamos para uma terra, íamos para outra e éramos estimados por todos. Não tratávamos mal ninguém. Chegáramos a ir para a Benfeita, íamos para o Sardal adiante e sem haver brincadeira. A gente quando chegava éramos dois ou três rapazes. Pronto, eram as raparigas e os rapazes a organizar um baile para a gente se divertir.