Eu não fui capaz de ela me dar um beijo antes do casamento. Nas vésperas do casamento, mesmo à noite, ao escurecer, eu disse para a minha irmã:
- Chama a Isaura que venha aqui ao pé de mim.
E ela chamou.
- “Olha anda cá que o António disse para te dizer para cá vires ao pé dele.”
Digo eu assim:
- Anda cá. Amanhã por esta hora, já se está a pôr o sol além na serra, já estamos arrumados. Vens aqui dar um beijinho, na minha cara? Anda cá.
Fugiu logo. Diz ela:
- “De amanhã em diante temos muito tempo.”
Pois não fui capaz de conseguir de lhe dar um beijo e ela a mim. Naquele tempo não era como agora. Agora já dão e naquele tempo não.