O nosso casamento foi na Moura da Serra, com um padre que é daqui de Avô. Tratou-nos sempre muito bem. Já morreu. Dava-lhe a gota. No dia do casamento, eu ia de preto: calça preta e casaco preto. A minha mulher levava um vestido. Não me lembro agora de que era, mas era um vestido. Ia bonita como uma rosa! Ainda éramos um ranchinho de gente apesar de sermos pobres. Para comer, junta-se sempre gente. Juntáramos umas pessoas, fizéramos a boda e comêramos todos uns ao pé dos outros. Mataram-se duas ou três reses, assou-se no forno aquela carne - que chamava a gente chanfana -, fez-se arroz-doce, tapioca, coscoréis, bolo... Aquilo foi bom! Tudo comidas caseiras! Não era comida de restaurante. Os pais dela faziam metade da despesa e nós fazíamos a outra metade. Para ficar uma pessoa mais aliviada, para se não gastar tanto. E assim se fez a boda. Comeu-se, encheu-se a barriga e depois, à noute, fizeram aí um bailarico para animar a festa. Lá às tantas, cada um foi para o seu destino, uns para um lado, outros para o outro. Foi assim a nossa vida. E cá nos temos governado, bem ou mal.