Havia uns barbeiros na Benfeita. Agora só lá está um, coitadito. Já está velhito, também já não pode fazer nada. Mas havia lá muito barbeiro. Vinham aqui de propósito todas as sextas-feiras fazer as barbas ao povo. Em troca, davam-lhes meio alqueire de milho por ano. Dinheirito, não havia para dar. Só tínhamos o que cultivávamos na fazenda. E era o que nós dávamos para ele nos fazer a barba todas as semanas. Quando chegasse o fim do ano, vinham com sacos cobrar o milho a nossa casa. E a gente pagava-lhe o meio alqueire de milho para nos fazer a barba. Agora nem nos Pardieiros, nem na Benfeita há um barbeiro. Não há quem saiba cortar um cabelo. Não há quem saiba fazer uma barba. Cada um tem de se remediar como pode e sabe. Não há cá nada, nada!