E assim andei naquelas fazendas até os 19 anos, foi até me casar. Fui ali criada. A fazenda era de renda, não era nossa, arrendámos aquilo por um tanto, por exemplo, tínhamos que dar 20 ou 30 alqueires, ou assim, o que a gente destinava. Chegava aquela altura da colheita, o primeiro milho que se media era para o dono. Quantas vezes, e quantas vezes, já na minha vida, depois de casada eu varri os fardos, ao punhado, para dar para os donos e a gente ficava sem nada.
Tinha de sachar, semear, regar, apanhar, colher e dava aos patrões aquilo para viver. Era uma vida dura. Depois, fui crescendo, fui para a lavoura. Eu agarrava num ancinho ao lado dos homens, agarrava numa enxada, conforme era o trabalho, andava ao lado dos homens. Agarrava uma sachola para sachar, andava ao lado de todos. Foi assim a minha vida.