Falava-se do João Brandão. Os meus avós contavam-me que o João Brandão andava por aí pelas serras, pelos matos e o caneco...
Uma vez, até chamaram um avô meu a Côja, meteram-no lá num escritório e o João Brandão estava lá num quarto, escondido, a ouvir a conversa. A malandrice que havia naquele tempo! Um gajo que fazia lá parte da autoridade chamou-o:
- ”Você tem visto lá por cima o João Brandão? O João Brandão não anda lá? Esse gajo deve ser muito malandro! Que é que ele lá faz?“
Começou a perguntar-lhe para ver o que ele dizia. A sorte do meu avô foi não ter dito mal dele, nem ter dito que o tinha cá visto. Nessa altura já havia pessoas espertas. O João Brandão, depois, apareceu e disse:
- ”A tua sorte foi tu não teres dito mal de mim, nem teres dito que me viste! Porque, se tens dito que me viste e que eu sou mau, era o fim da tua vida!“
Ele foi-se embora e a pensar no que lhe podia ter acontecido.