A Benfeita era muito diferente antigamente do que é hoje. Havia de tudo, havia ferreiros, sapateiros, carpinteiros, padeiros, mas mais do que um. Isto tudo foi embora. Não sei que sumiço levou essa gente.
Não tinha luz, nem estradas, não havia estradas nenhumas. A estrada já veio depois de eu casada e já um tempo. De resto não havia nada. Também não andávamos de noite pela rua. De dia chegava bem para a gente trabalhar. Em casa era uma candeiazita de azeite ou um candeeirito pequenito de petróleo. Era tudo uma miséria.
Primeiro a Benfeita era Valverde, diziam no tempo que eu me criei, já não foi agora. A Benfeita chamava-se Valverde mas como fizeram a Capela de Santa Rita, vieram cá umas pessoas:
- “Olha bem feita!”
Vieram cá umas pessoas, não sei de onde, eu era pequena não sei. E disseram assim:
- “Olha bem feita!”
E, nessa altura, deixaram de se ter Valverde e começou Benfeita, Benfeita, Benfeita.
O que mais gosto na Benfeita é do bom viver, de uma boa harmonia, dar-me bem com toda a gente, é a coisa melhor que a gente pode ter.