A Mata da Margaraça era nossa. O dono daquilo não era dos Pardieiros, mas dali é que se vivia. Viveu-se aqui anos da Mata. Eram as madeiras, era o milho, era o feijão... Deu emprego a muita gente e agora ainda tem dado a alguns também, embora não sejam muitos. Ainda lá andam duas senhoras. O forte daqui foi a Mata, sempre. Por isso, quando o Estado tomou conta dela, as pessoas não gostaram muito. Mas toda a gente gosta da Mata. A princípio eles exigiram uma coisa:
- “Não se pode lá ir apanhar tortulhos! Aquilo é para semente. Não se podem apanhar!”
A malta também tinha a mania de lá apanhar umas castanhas, porque aquilo tem muita castanha. E eles, a princípio, também diziam:
- “Ah, na Mata, não se apanham castanhas.”
Agora, há uns anos para cá que eles não as apanham. Deixaram-nas ficar. Quem quiser já lá pode ir apanhar. Eles já não dizem nada. Aquilo dá muito trabalho. São precisas pessoas para as apanhar e depois as castanhas lá também não são muito boas. Há um sítio onde elas são boas, mas é muito lá para cima. Aquelas à beira da casa não saem grande coisa.
Hoje, só é pena que não façam aí mais limpeza. Precisávamos de coisas mais limpas e eles não têm aproveitado bem as pessoas que lá estão. Antes destes que hoje lá estão, estava um senhor, que era o senhor Adelino, que os mandava ir à Fraga da Pena limpar aquilo e os caminhos por onde se passa. Agora, não. Está muito mais degradado do que antigamente. Agora, ou têm menos pessoal ou não sei, mas não têm contribuído muito bem para as coisas.