Fizeram a Casa da Comissão, que foi a melhor coisa que se podia fazer na aldeia. De Coimbra para cima, não há uma casa tão bem feita como esta. É um mundo que está aqui. É uma coisa louca, muito grande. Até é grande demais! Não tínhamos uma quantidade de coisas que hoje temos. Só não temos é repartições públicas, porque de resto... Parece-me que estão a pensar em fazer aí uma piscina, que é o que está cá a fazer mais falta. É a única coisa que aqui não há, de resto está tudo. Isto hoje é um paraíso em relação ao que era antigamente. Antigamente era mais pacato e havia mais gente. Isso sem dúvida nenhuma. Mas, hoje, isto está mais desenvolvido, mais bonito. A terra tem praticamente as condições todas de vida. Não vejo aqui defeito nenhum. Só o tal que ninguém pode remediar, que é estarmos cá muito isolados na serra. E o Inverno ser um bocado chato.
A Comissão de Melhoramentos foi muito importante para os Pardieiros. Já tinha começado em 1930, mas depois esteve muitos anos parada. Morreu um dos fundadores, o senhor António José Filipe, e o senhor Alfredo Francisco Gomes desinteressou-se um bocado. Até que, em 1950, se não estou em erro, reviveu. Eu sou do início da Comissão de Melhoramentos. Fomos fazer a primeira reunião à Travessa da Glória. Tem a Rua da Glória, o Elevador da Glória e foi numa transversal, ali. Um senhor tinha lá uma casa de alfaiataria e fomos ali fazer a primeira reunião da Comissão de Melhoramentos. E assim começou. Destinaram que as quotas haviam de ser de 25 tostões. Todos pagavam 25 tostões. E por lá arranjaram uns subsídios do Estado com a ajuda de todos. Não tínhamos casa. Era a Comissão de Melhoramentos, iam angariando para cá fundos, mas não havia aqui a casa. Mais tarde é que se pensou em fazer uma. Nessa altura dei para cá 10 contos. Nesse tempo 10 contos - isto foi em 1970 e tal - valia mais que hoje 100! Falando em contos. Eu gosto muito de falar em contos. Para as pessoas novas, 100 contos serão 500 euros. Depois foi inaugurada em 1983. Há quatro anos, foi ampliada e modificada. Tem aí uma cozinha para se fazer banquetes. Há restaurantes que não têm umas condições de cozinha como as de cá. Casas de banho por todo o lado. Tem um forno para cozer pão se for preciso. Isto está bem montado. A Comissão está no bom caminho. Fazem festas, fazem peditórios, fazem almoços. Ainda agora aqui houve dois ou três seguidos. E daqui é que a Comissão vive. Agora, como tem os quartos, sempre vai alugando e a coisa tem estado a melhorar um bocadinho.