O Natal era como os mais dias. Comíamos todos juntos. Em primeiro, juntavam-se as famílias em casa, quando calhavam a vir. Depois que a minha filha comprou casa, já passam lá mais o tempo. Fazia-se o bacalhau com as couves e qualquer coisa mais diferenciado.
No largo, faziam sempre uma fogueira grande. Era a fogueira do Natal. Acendiam-na à meia-noute e chegava a estar acesa até Dia de Reis. O meu pai até guardava sempre um madeirinho dessas noutes para, quando vinha a trovoada, botar na fogueira. Era muito bom para a trovoada. Era a antiguidade. Ainda agora, quando é o Primeiro de Maio, a gente vai buscar umas giestinhas floridas. Bota-as à porta e estão aí oito dias. Aos oito dias guarda-se. Tenho-as ali guardadas para, quando vem a trovoada, botar uma pontinha no lume.
Às vezes, ainda se botavam a cantar as Janeiras. Era uma festa para a malta nova. Os garotitos é que andavam pelas portas a pedir as Janeiras por um lado e por outro:
- “Ó fulana, dá-me as Janeiras!”
E depois a gente dava-lhe uma chouriça, dava-lhe uma moeda, dava-lhe uns bolos ou que queria.