A arte do meu filho Jorge, coitado, é de colhereiro. Nunca quis outra. Puxou-lhe a ideia para aquilo. Não quis a arte do pai, não quis aprender a ser canastreiro. Mas ele até aprendia depressa. Aprendeu de colheres com o padrinho, que também era colhereiro. Nessa altura, havia aí muitos, antigos. Chamavam um que era Alexandrino; era outro que era o Toino Cruz; era aqui um que era António Paulino. Esses eram os mais antigos. Com quem eles aprenderam, não sei. Quando nasci e comecei a abrir os olhos, já havia cá muitos colhereiros. Agora, claro, há poucos. Praticamente só aí está o meu filho, aqui o meu vizinho António e, lá abaixo, o que está na Casa do Povo, chamam-no Mário. O mais, já cá não há nenhum. E tem sido a arte do meu filho. Tem estado cá sempre. Vai para as feiras. Ainda há pouco tempo esteve em Arganil, mas ia lá só à noite.