Para termos água em casa, íamos ali à fonte velha. Tínhamos alturas em que a água era muito poucochinha. Vínhamos da fazenda à noite e queríamos ir depressa. Mas quando chegávamos lá, as escadas estavam todas cheias de gente! Víamo-nos perdidos para encher o cantarito. Para lavar roupa, era no tanque. Se havia lugar, lavávamos. Se não lavávamos, deixávamos lá a roupa e vínhamos embora. Também não havia luz. Era a candeeiros a petróleo. Ainda tenho numa salita um a gás. Remediávamos conforme podíamos.
Antigamente, o Inverno era mais Inverno que agora. Havia muitas nevadas. Uma vez, tivéramos os animais sem comer até às tantas do outro dia. De manhã, não fôramos tratar deles. Começou a nevar uma neve seca que colheu tal altura, que o meu pai teve que voltar para trás. Já não conseguiu ir tratar dos animais. Em casa, acendíamos a fogueira. Eu, toda a vida, tive a minha fogueirinha. Agora é fogão, mas ainda tenho ali uma fogueirita que era também onde secávamos as chouriças, quando se matava o porco.