Só sabia escrever o meu nome. Isso tem uma história... Uma vez mandaram 5 contos do Brasil para o meu marido levantar, para dar a uma cunhada dele. Mas o meu marido tinha ido para o Norte da Europa e não estava cá para os levantar. Eu fui para os levantar, mas não sabia assinar e não mos deram.
Tinha uma carta do meu marido na mala. Vim cá para fora, no Terreiro do Paço, e no parapeito de uma janela tanto copiei, tanto copiei, que por fim já fazia. Depois fui lá dentro e dirigi-me a um empregado e levantei-o.
Dei o papel ao senhor que está à porta e que preenche os papéis. Depois a gente é que tem de assinar. Mas como eu não sabia assinar, fiz aquela partida. Lá dentro quando foi para levantar o dinheiro chamaram-me e disseram-me:
- “Olhe, a senhora agora assine aqui.” - nas traseiras do papel que eu lhe tinha dado.
Eu assinei e ele disse:
- “Olhe, minha senhora, desculpe. Mas sabe porque a gente a chamou? Porque o nome da senhora parece que é copiado.”
E eu disse:
- Olhe, o senhor não se engana, porque eu não sei ler. É copiado, é!
Mostrei-lhe o cartão de identidade e ele deu-me os 5 contos.