Fui pedi-la mas o pai dela e a mãe eram uns velhotes e o pai até era um tipo, daqueles homens antigos. Falei e ele assim:
- “Ah, isso é com ela. Isso é com ela.”
E aquilo continuou. Eu ia lá a casa falar com ela e até que chegou o dia do casamento e felizmente não estou arrependido.
Casei no dia 11 de Fevereiro. Tenho um retrato do dia dos 50 anos. Foi um casamento daqueles casamentos antigos. Foi em casa até de um cunhado meu, irmão da minha mulher. Fez-se o almoço, fez-se o jantar e essa coisa toda. Comia-se carne fresca e outras com legumes, arroz, etc. Casei aqui na Benfeita. A festa também foi na Benfeita. O que eu digo, o almoço e o jantar foi em casa de um cunhado meu que tinha lá largueza para isso. Tinha uma sala grande onde estiveram os meus convidados e dela.
Eu sou casado há 56 anos. A minha esposa chama-se Maria do Rosário Simões. Felizmente temo-nos dado bem. É certo que há sempre às vezes umas coisitas e tal mas, felizmente...
Depois do casamento vivi quatro anos numa casa dentro da povoação da Benfeita. Depois compramos a casa e ali vivi até agora ao ano passado. O ano passado já andava mal das minhas pernas. Fui a um médico e fui mal recebido, isto é, hoje ia este médico, mandava para outro. Do outro mandava para outro, e andava naquilo e dez consultas que fui ao Hospital da Universidade de Coimbra. Até que chegou o dia de me mandaram para a Ortopedia A. Não faltava nada. Comer e beber. Deitavam-me para a cama e fui operado. Houve um médico no Hospital da Universidade de Coimbra que disse:
- “O senhor tem que ser operado a este tendão, a esta perna.”
Pronto. Sim senhora muito bem.
O médico que me operou fez aqui um traço por acima, coseu aquilo, aquilo sarou e eu fiquei com a perna neste estado. Não posso andar, não me seguro. Tenho uma nora impecável, vem aqui de manhã, levanta-me, veste-me, põe-me para a cadeira. Eu transporto-me da cadeira para aqui para a cama e arrasto-me e tal.