O meu destino estava guardado para o meu marido. Foi em Lisboa que o conheci, quando lá estive a servir. Viu-me um dia lá em casa do meu irmão. Fui sacudir o pano do pó à janela e ele ia a passar. Senti por ele o que nunca senti por nenhum.
O meu marido estava em Lisboa, em casa de uma irmã. Estava empregado num hotel, ao pé da Praça do Comércio. Nunca o tinha visto.
Um dia, ele ia a passar. Ia atrás de uma rapariga que vinha da Praça da Figueira. Mas depois eu estava à janela, a sacudir o pó e ele olhou para mim e parou. É o destino. Parou. Eu como vi que ele parou, fechei a janela. Mas, fui para outra espreitá-lo por entre a cortina, porque também gostei dele. Há coisas!
Daí a oito dias ia de folga e lá tornava ele a andar debaixo da minha janela. Eu fui para a janela e ele falou para mim e eu disse:
- Eu não conheço o senhor de lado nenhum.
E ele disse-me assim:
- “Eu conheço a menina de há oito dias.”
Depois ele disse-me:
- “A menina sai?”
Digo-lhe eu assim:
- Não, não. Eu não saio. Não tenho saídas.
É o destino, gostei dele. Digo-lhe eu:
- Eu só saio ao domingo para ir à missa.
- “E onde é que vai à missa? A São Domingos?”
No Domingo já ele aí estava à minha espera. Lá vou eu para São Domingos, para a missa. Em lugar de irmos para a missa, já não fôramos, fôramos conversar. Nosso Senhor me perdoe, esse dia não fui à missa. E foi assim que começou o namoro.