Cá poucas eram habilidosas como eu e a minha irmã. A minha mãe não nos deixava andar na “boa vai ela”! A gente ao domingo ia para a Esculca de madrugada levar um carrego de colheres. Vínhamos de lá, chegávamos à Benfeita, estavam a rezar a missa e íamos ouvir a missa. Depois vínhamos para cima, íamos dejejuar as ovelhas. Chegávamos a casa, comíamos e íamos para a fonte lavar a roupa da semana para vestir na segunda-feira outra vez. À tarde, quando já estava enxuta, eu e a minha irmã, uma passava a ferro e a outra ponteava e fundilhava umas calças de homem. Que nem o alfaiate as fundilhava melhor! Porque a minha mãe ensinava a gente. Então à tardinha, a minha mãe dizia assim:
- “Pronto, vão lá agora um bocado.”
E eu às vezes arreliada dizia:
- Agora também já não vou. Naquele tempo era assim. Passávamos o dia a trabalhar. Os homens iam para a taberna jogar às cartas.
A gente naquele tempo sabia fazer tudo. As raparigas agora nem um botão sabem pregar.