No Sardal, a aldeia onde nasci, era tudo casitas, de pedra de xisto. E agora está tudo lá. É uma aldeia jeitosinha, bonita. Quando vim para Pardieiros custou-me muito, mas adaptei-me bem. Tinha muitas saudades da terra. Era aqui pertinho, a gente andava em Pardieiros, e eu ouvia cantar lá as pessoas nos matos. Ouvíamos e fazia-me aquilo saudades. Saudades da família. Mas em termos de festas, de tradições era igual. Sempre bonito, sempre bom. Íamos para o Sardal, para a festa de lá e trazíamos uma cesta cheia de comer. E eles iam daqui também com um carrego para levarem, para comerem ao outro dia. Íamos a pé porque não havia estradas, não havia nada e os caminhos eram maus. Era tudo peneda. Depois, como tínhamos também muita azeitona, o meu marido mandou abrir uma estrada para a virem carregar à porta. Também não havia carros, eram carros de bois. Os donos dos lagares é que tinham desses carros. Nessa altura, fabricávamos o azeite por nossa conta. Lembro-me que o traziam numas bilhas.