Benfeita

Há quem diga que a Benfeita se chama Benfeita, porque a capela de Santa Rita tem oito esquinas. E dizem as lendas, suponho que até há qualquer coisa escrito, que passou aqui alguém:

- “Olha que coisa tão bem feita! Que capela tão bem feita.”

E ficou Benfeita. Antes chamava-se Valverde.

“Balseiros” é como se chamam as pessoas da Benfeita. Coisas antigas. Como os Pardieiros são “Ralhadores”, os do Enxudro são os “Cavaleiros”, os do Pai das Donas são as “Burromões”, os da Arruadas são os “Caiados”. E assim sucessivamente.

A Benfeita antigamente era uma terrazita, no tempo de Simões Dias que diziam eles que era um lenço de três pontas. Era uma lá para cima, era outra para o largo e a outra para baixo. E o Simões Dias chamava àquilo um lenço de três pontas. Naquele tempo vivia-se aqui da agricultura. Plantava-se o milho, era batata, era feijão, era hortaliças... Ainda hoje se faz, quem pode. Mas isto está quase tudo relva.

As casas eram de pedra, eram de lajes sobre os telhados, enfim. Era uma terra pobre. Depois foi a evolução dos tempos, a abertura da estrada. Um sujeito que é o Leonardo Matias é que foi o autor da estrada em 1931. Até tenho andado a ler essas notícias. Tenho um livro onde tem tudo isso, essas coisas antigas. Como eram as festas nesse tempo e outras coisas assim.

Temos uma irmandade que é a Irmandade da Senhora da Assunção e do Santíssimo Sacramento. Depois está a música até à tarde e tem conjuntos. A festa é no largo. Fizeram uma piscina que serviu no Verão. Pessoas de Côja vinham para aqui tomar banho no Verão. Chegaram ali a juntar à volta 100 pessoas no largo. Só que agora tiraram as comportas e quando for para o Verão tornam a pôr as comportas para trancar a água.

A irmandade faz enterros dos irmãos e faz enterros de quem lhe fala. Levam um “x” por cada funeral que fazem. Esse dinheiro reverte a favor da mesa da irmandade e para as despesas de cera e certas despesas que a irmandade precisa.