A minha professora foi uma professora exemplar. Era a esposa do que nessa altura dava aos rapazes. Era o João Ferreira da Costa e ela era Alice Ferreira da Costa. A dona Alice não era vaidosa. Sabia que eu que era pobre, até me dava coisas e estava-me sempre a acarinhar. Até tenho uma história.
Fui a Lisboa, uma vez, e ela ainda lá estava, ainda não tinha morrido. E eu disse:
- Gostava de ver a minha professora.
Uma rapariga, que também já morreu, a Laura, foi comigo. Ela também foi professora dela. Conhecia, mais ou menos, o sítio onde ela estava. Fôramos e fôramos lá dar com uma senhora que lá estava. Perguntáramos e ela disse:
- “É aí nessa porta.”
E ela veio. Também já estava aposentada e a gente disse:
- Olhe, somos umas alunas que fôramos da senhora.
E ela foi assim:
- “Minhas alunas só na Benfeita.”
Então, ela gostou muito de nos ver e a gente a ela. Depois daí nunca mais a vi. Já morreu, com certeza.