As colheres são feitas de madeira de pinho. Mas só de pinheiro bravo, se for de pinheiro manso já não dá. Vai-se ao pinhal. Antigamente era com o serrote e o machado. Hoje é com uma motosserra e o machado. Já é diferente. Antigamente era tudo com o serrote, com mais trabalho, mais sacrifício, mais manual. Hoje já temos a motosserra, facilita mais e é mais rápido. Também já vai uma carrinha, já se traz no carro, onde se pode ir. Antigamente era tudo ao ombro, às costas. Traçava-se à medida que nós queríamos e que podíamos, e carregava-se ao ombro ou à cabeça. Era muito diferente. A gente às vezes falava a uma ou duas pessoas e era eu e a família pronto! Fossem homens, fossem mulheres. Hoje já vai uma carrinha e já se carrega para um mês ou dois, ou 15 dias. Já é muito diferente! Vou ao meu terreno buscar a madeira, mas quem não tiver, ou a dão, ou a compra. Agora já há poucos colhereiros, mas antigamente havia muitos e a maior parte era tudo comprado Depois chega-se, serra-se à medida, rasga-se, tira-se a “corcôdoa” por fora, racha-se e depois faz-se com as ferramentas: com a machada, a enxó, que é uma curva, a legre e a faca. São as ferramentas para trabalhar as colheres de pau.
Primeiro começa-se com a machada. Faz-se o corte de cima para baixo, até fazer o cabo depois a concha e pronto! Depois deixa-se secar. No fim de dois dias está seca. Mesmo que seja servido com ela verde, não faz mal nenhum. A resina não tem problemas. Até para medicamentos é aplicada.
Do que sobra, a “corcôdoa” vai para a Pavicer, na estrada de Oliveira, para fazer o platex. Os cavacos vão para queimar e para o fogão.
As colheres de pau são para a culinária, para as demonstrações e exposições, para muita coisa. Algumas colheres são vendidas e outras oferecidas. Vendo ao armazém e a intermediários.