O milho era para cozer broa. Tínhamos fornos, apanhava-se o milho, malhava-se, debulhava-se, secava-se ao sol e depois ia para casa para umas arcas de onde se tirava para o moinho moer. Havia moinhos da ribeira. A ribeira tinha seis moinhos que pertenciam à Benfeita. E tinha mais três que pertenciam a terras de cima, na mesma ribeira.
A água do de cima tocava o de baixo. Tinham um rodízio que era movido pela água, um rodízio com o que chamavam penas, com umas coisinhas onde a água batia, o que fazia rodar. Fazia rodar duas pedras, pedra de cantaria. Fazia rodar, o milho caía para dentro dessa pedra, era levantada um bocadinho, e aquilo saía a farinha do milho que depois servia para a broa.
Os moinhos eram mais para os donos mas emprestava-se também. Também havia moleiros. Havia aí dois, dois casais e mais um outro que não era da Benfeita mas esteve aí alguns anos, e moendas. A moenda tinha uma roda grande por fora que lá dentro movia duas ou três pedras. Movia ao mesmo tempo, pelo menos havia aí moendas onde havia três pedras a largar farinha. E as pessoas que não tinham moinho iam ao moleiro ou o moleiro vinha buscar o milho e vinha lá trazer a farinha.
A broa era amassada e ficava a levedar. Levava um bocadinho de fermento, ficava a levedar um “x” tempo e depois era tirada, faziam as broas, com uma coisinha de madeira chamavam as escudelas, ia para o forno, cozia e a gente comia.
O forno tinha por baixo lajeado de barro e era feito em tijolo em abóbada. Ali punham o lume a arder até que o forno estava quente. Quando estava quente apresentava uma cor diferente. Enfiavam para lá a broa, a broa era cozida e a gente comia-a depois ao almoço ou ao jantar, à merenda, etc. Quem tinha porcos também moía farinha para eles. No lugar do milho botava-se a farinha na lavagem e criava-se assim um porco ou dois.