Casámos em Pardieiros. Foi o meu pai e a minha mãe que pagaram, nessa altura. A gente não sabe quanto. Eu levava um vestido branquinho. Foram as minhas irmãs que o trouxeram de Lisboa. Foi um casamento bom, como agora. O que é que foi em casa. Não foi nos restaurantes como agora é. É diferente. Tinha aí talvez 70 e tal convidados. Foi um casamento à moda de Pardieiros. Tínhamos arroz-doce, tapioca, coscoréis, bolos e chanfana. Foi aquilo assim. Depois do casamento fui logo para Lisboa. Fui viver para a Travessa da Pereira, para a Graça. Era uma casa pequenina, mas remediava. Depois o meu marido faleceu. Tinha 28 anos e eu tinha 24. Só estive casada dois anos. Era doente do coração, dizia o médico noutra altura. Agora pode ser outra doença. Isto agora está mais desenvolvido. Mas depois já não voltei para a aldeia. Tinha a minha vida em Lisboa. Tinha lá família. Só cá tinha o pai e a mãe. Mas depois a minha mãe faleceu. O meu pai foi com a gente. Farta disto estava eu, de andar aí ao mato e à lenha.