O dia da cobra, era uma lenda, em que no dia 1 de Maio as pessoas antigas não levavam nada para casa. Nem couves, nem essas coisas assim, não levavam nada para casa. Diziam que apareciam as cobras. E nem se ia ao mato. Eu, um belo dia, diz a minha mãe:
- “Ó António, tens que ir buscar um molho de mata.”
- Então hoje?
- “Ah, não há nada, não há nada.”
Eu fui, por ali acima, buscar um molho de mato, rocei o mato, pus na corda, vim-me embora, trouxe um molho. Cheguei a um certo ponto pousei ali um bocadinho num poiso, que era uma parede. E chego ao curral, atiro com o molho para o meio do chão e saltou de lá uma cobra por ali fora e eu disse para a minha mãe:
- Nunca mais vou ao mato nesse dia! Saltou lá do meio do mato uma cobra por aí abaixo.