As colheres quem faz agora é o Mário Santos, o António Garcia e o Jorge Costa. São esses é que fazem. Antigamente, iam vender às feiras e levavam para Lisboa, para vender. Noutros tempos havia muitos. Agora só são esses três. Também havia costureiras. Alfaiate só na Benfeita é que havia um. Costureiras havia aí muitas. Uma Palmira, outra Aurora, eram aí costureiras. Elas às vezes ensinavam aquelas que tinham vagar de ir para lá. Agora aquelas que não tinham vagar não iam. Fazia-se bordados, em ponto cruz. A minha irmã mais velha é que fazia muito. Eu não, nunca fiz. Fiz renda, sempre renda, até hoje. Mas eram para casa e para dar. Os tamancos era um senhor que fazia, o Alfredo Gonçalves. Os cestos era o Marcelino, que já morreu. Fazia os cestos e as cestas. E também faziam gamelas para amassar o pão. Esse senhor é que fazia isso. Tecelagem era a sogra da minha irmã mais velha. Essa é que tinha um tear. Nos tamancos é que havia mais trabalho e nos cestos. Agora no tear havia pouco. Faziam aquelas mantas de trapos. Os tamancos era o que a gente usava. Os homens tamancos e as mulheres tamancas, com as brochas por baixo. Era o que a gente usava e ele tinha muito trabalho. Não havia sapatos. Eu tenho uma fotografia, ainda o meu irmão não era nascido, e as minhas irmãs têm umas chinelas. E eu estou descalça ao colo da minha mãe. Não havia dinheiro. Tinha aí talvez uns 3 aninhos.