Havia aqui coisas na aldeia que não eram bem aceites, como uma mulher fumar e andar sem mangas. Quando eu era nova a gente andava nas fazendas. Claro, o sol queimava. E a minha avó que dizia:
- “Ó, filhinha, não uses a manga curta. Usa a manga comprida para quando vierem os de Lisboa teres os braços branquinhos.”
Era mal vista, às vezes, uma rapariga de manga cava. A ver-se os sovacos e aquilo tudo. As pessoas não gostavam. Andava tudo estonado. É como a gente agora anda de mangas de cava ou só de manga de alça. No nosso tempo dizia-se:
- “Olha como aquela vem toda estonada”.
Depois também havia as saias curtas. Saltos altos também se usava. Mini-saias não. Por baixo do joelho ainda um pedaço. Nesse tempo quando elas usavam as saias curtas, mais curtas, e iam para as eiras estender o milho, eles ainda se punham por baixo para ver as pernas às raparigas. Agora já não. Isso era noutros tempos. Aqui há 50 ou 60 anos é que se usava isso, agora não.