Quando eu comecei a fazer colheres, em Pardieiros, era porta sim, porta sim, tudo a fazer colheres, eram mais de 30, tudo a viver das colheres. Saíam carradas e carradas de colheres todas as semanas daqui. Não sei para onde iam, mas desapareciam. Bem feitas ou mal feitas as colheres vendiam-se. Eu não me lembra mas ouvi falar que o meu padrinho às vezes saía daqui, despachava umas colheres e depois ia daqui, por exemplo, até Santarém e ia-as vender. Havia um sujeito na Esculca que tinha um armazém. Isto não havia estradas e eles tinham de pagar a pessoas para lhes levarem as colheres à cabeça e às costas até à Esculca, quando era aos fins-de-semana, para venderem lá para o armazém. Eles faziam muitas e não podiam com elas todas. Na altura não havia tractor, era tudo às costas daqui para lá, por caminhos e atalhos. Então o homem lá lhes pagava e depois no armazém é que davam andamento às coisas para um lado e para o outro, lá as despachava.
Ainda hoje há quem faça colheres em Pardieiros. Para além de mim temos aqui o António, depois está lá outro em baixo que também trabalha na junta, faz umas colherzitas e há um terceiro que está até na casa do convívio.