A meio da Quaresma vinha-se serrar a velha às velhotas. A minha mãe punha um candeeiro na janela para os alumiar.
- “Serrem, meus meninos, serrem, que já são umas couceiras grossas que já custam a serrar.”
Dizia ela. Eles depois até deixaram de vir porque ela não os tratava mal. O que eles gostavam de ouvir, era as parvoeiras que as pessoas diziam. Depois ela dizia:
- “Então este ano não me foram serrar a velha?”
E eles calavam-se. Umas vezes eram homens, outras vezes eram garotos, era como calhava. Traziam uma lata velha e um serrotezito também velho e depois era:
“Serrão, serrão, que esta casa vá ao chão
Serrico, serrico, esta casa vá para o penico.”
E mais coisas que eles engendravam para lhes dizerem, para as verem arreliadas e elas então arreliavam-se todas. Havia-as que não queriam, gritavam, faziam judiarias do diacho aos garotos e aos homens. O meu filho também andou nisso, a serrar a velha às pessoas.