Quando tinha eu 10 anos, acartei muita pedrazinha à cabeça e às costas à frente das mulheres para construir outra casa aqui. Depois dormíamos numa casa aqui na povoação. Aí essa é que foi o pior da festa. Como era um rapaz novo e miúdo a gente, já se vê, fartos de trabalhar de sol a sol. Saía-se de casa de noute e entrava-se de noute. Um dia, vinha eu da pedra e cheguei por volta das dez, 11 da noute, com uma dor de barriga que não era brincadeira. O meu pai ainda me deu duas palmadas ou três e eu larguei-me a chorar e vou para ao pé da minha mãe. Ela, já se vê, agarrou-me e foi-me deitar, mas nessa casa é que era o problema mais bonito. Um gajo conforme se deitava de noute, dormia sempre amassado e era a coçar, a coçar, a coçar por causa dos percevejos. Desde o ombro até ao cotovelo, praticamente, era uma ferida completa. Como estava sempre deitado do lado direito, eles não me atacavam tanto o outro braço. À noite puséramos folhas de feijoeiros em cima do colchão e quando a gente acordava, ao outro dia de manhã, as folhas estavam completamente cobertas de percevejos. Depois fugíramos dali e fôramos dormir para baixo para a loja, porque a outra casa andava em construção. Quando a outra casa estava boa, fôramos então para lá. Foi quando nasceu o irmão mais novo que tenho hoje. Foi no dia em que ele nasceu.