Quem fazia os partos antigamente, era uma velhota curiosa aqui de Pardieiros, chamada Nazaré. Chamavam-lhe curiosa, porque sabia fazer o trabalho.
Aqui nunca houve essas coisas de curandeiras de chás, mas tomava-se o chá de certas ervas. Só se ia ao médico quando se estava quase a morrer. Praticamente não vinha aqui médico nenhum. Quando era necessário, o médico vinha numa mula. Só vinha um senhor da Benfeita, que era um tio da minha mulher, que se chamava tio José Augusto Pinto. Era muito entendido. Só tinha o exame da terceira classe e era barbeiro, mas foi ajudante de enfermeiro na tropa. Chamava-se primeiro a ele, se não quisesse ficar responsável, ele próprio chamava o médico. A maior parte das vezes vinha sempre com o médico. Quando era necessário vir ele vinha numa mula. Conforme o médico examinava, ele auscultava as pessoas e mandava pôr ventosas. O que ele receitasse, o médico não receitava outra coisa. O médico perguntava:
- “Quem é que mandou? Quem é que receitou isto?”
- “Foi o senhor José Augusto Pinto.”
E ele então dizia:
- “Continue a tomar os medicamentos, conforme o senhor José Augusto Pinto disse.”