Os meus pais já morreram. Era António Barata e Maria da Assunção. Faziam o que eu faço agora. Cavar terra, semear renovo, assim umas batatitas, uma hortazita, roçar mato e tal.
Lembro-me da casa dos meus pais que era onde eu estou a morar. Era como é agora. Só agora está rebocada e mais nada. A cozinha era em parede também de pedra. Não havia fogão a gás nesse tempo. Agora é que há. Era a lenha. À volta da casa dos meus pais não tinha terrenos nenhuns. Onde se tinha os bocados era desviado do povo. Onde se tinha e temos ainda.
Irmãos eram três, eu quatro e uma irmã cinco. Cada um tinha o seu quarto. Está claro, dois ou três. Outros eram mais novos, estavam às vezes no berço ainda.
O colchão era bom. Era mais saudável do que agora. Era palhazinha de centeio, limpinha, dentro de um colchão. Com umas tabuinhas boas por baixo, enxutinhas. Não é como agora que é de arames, é disto, é daquilo. Agora põem-se logo podres.