Havia festas. Eram sempre no Verão, em Agosto. Mas não eram festas como agora. Faziam sempre duas por ano. É a festa do Santíssimo em Junho e é a de Agosto. Mas eram sempre festas rijas. Hoje ainda fazem. Há missa, procissão e bailes, tudo.
A Senhora das Necessidades é uma capela que há onde fazem uma festa sempre em Setembro. É sábado e domingo, e já é muito. Fazem a missa, a procissão e depois fazem baile. Tem a quermesse.
No Natal era queimar os cepos. E hoje ainda fazem. Iam à lenha, buscar cepos de madeira e faziam a torgada de Natal. Põe-se o cepo a arder e está ali oito dias a arder. Até aos Reis, conforme. É ao pé da capela da Senhora da Assunção que costumam fazer.
A meio da Quaresma há o dia da serração da velha. Havia a pessoa mais velha da terra. Aí às dez horas da “noute” iam para perto de casa dela e com um serrote ou uma serra a serrar no pau. Depois diziam:
- “Ai minha avozinha que já estás quase serrada.”
E era assim. Chamavam a serração da velha. Às vezes elas ralhavam:
- “Malandros, malandro.”
Outras até gostavam, porque se lá iam é porque elas ainda cá estavam. Hoje já não há tradição, já ninguém faz nada disso.
Pela Páscoa fazem um dia diferenciado de festa e comem as amêndoas. Vai o padre a casa e mais dois ou três. Hoje nem vai o padre que ele não tem tempo para ir a tudo. Tem sete freguesias a cargo dele. Andam senhores, chamam os leigos, a dar as Boas Festas, de casa em casa.